Tela de Martha Rosler

É porque me vês assim

Longínqua e flutuante
Que eu piso os pés em falsos versos




Desfiladeiro

Desfiladeiro beco estreito

Úmido
Justo

Por entre porcos e muros
Vou em busca do teu silêncio
Silêncio este de pedra
Taciturno sólido de Pedro


Por entre os porcos escuto
Palavras desditas, ruídos disformes
Madrugada infinda de Letras
Bafos de gume sem fio.


Por entre os muros escuto
Timbres concretos, ásperos gorjeios
Impulso chocando contra si
Apnéia em desatino de cinzas.


Por entre corpos e murros
E entre pedros e rumos, sigo.
Ausculto do meu mais fundo
O que nunca me foi dito.


Silêncio de pedra silencia em Pedro.